Metrojet 9268 - Desastre no Deserto do Egito

Acordar cedo, pra maioria das pessoas, é algo ruim.
Acordar de madrugada então, pior ainda.

Imagina só acordar bem cedo da madrugada, para pegar um voo que vai encerrar sua viagem de férias?

Sair das belas praias de Sinai (península montanhosa e desértica do Egito), com sua temperatura agradável e águas cristalinas, próximo de uma imensidão deserta...




Praias de Sinai

... para voltar para a gelada Rússia, Ucrânia e países daquela região, onde neva, fazem temperaturas negativas...triste, não?

Bom, era o que estavam fazendo 217 passageiros, em 31 de outubro de 2015, ao saírem do Aeroporto Internacional de Sharm el-Sheikh (nome da cidade), Egito.

Completavam os 224 passageiros, 7 tripulantes, quer iriam comandar, organizar e fazer o Airbus A 321 voar por cerca de 4h e 40 minutos, até Aeroporto de Pulkovo, na Rússia.

Infelizmente, nenhum pessoa a borda retornará viva para seu lar.
O motivo? É o que vamos te contar agora. Vamos tentar entrar no Voo 9268 da Metrojet.

Egito e a Metrojet

A Metrojet é uma companhia russa, sediada em Moscou, e é a típica companhia de baixo custo. Sabe, aquelas com preços bem baratos, acessíveis, check-in online, dão muito pouco ou nada no serviço de bordo (geralmente vendem bebidas e alimentos dentro do voo)?

Assim como o Brasil, a Rússia não é um país desenvolvido, mas também não é uma nação pobre. Então, muitos de seus habitantes tem o hábito de viajar para fora do país, e optam por destinos não tão caros.

Uma rota muito comum é para o Egito. Curtir a temperatura agradável das praias egípcias, dar uma volta no deserto, conhecer as pirâmides, pegar sol, mar...afinal, Rússia e o leste europeu, costumam ser regiões bem geladas a maior parte do ano.

Como faz parte da história do Egito, e de toda aquela região, o clima político é tenso.
Além da instabilidade política, há o problema de terrorismo, estado islâmico e tudo mais que vemos nas notícias, até hoje (infelizmente).

E o que esse monte de informação (Rússia, Frio, Viagem, Deserto, Política, Terrorismo, Aviação, Empresa de baixo custo etc etc) tem a ver?

É o que iremos te explicar: como tudo isso culminou na morte de 224 pessoas inocentes, precedida de segundos que devem ter sido um verdadeiro inferno.

Desastre com o Metrojet 9268


O Voo 9268 da Metrojet

A aeronave é um seguro e robusto A321, de prefixo EI-ETJ, da Airbus. Uma versão maior do A320.
O avião voava desde 1997. Tinha quase 60 mil horas de voo e mais de 21 mil voos realizados com sucesso.

Na cabine de comando, o comandante era Valery Yurievich Nemov, com mais 12 mil horas de voo, com 800 horas neste tipo de aeronave.
O primeiro-oficial, Sergei Trukachev, é um ex-militar.

Pouco antes das 6h da manhã, o comandante termina de fazer seu checklist antes de decolar, enquanto o copiloto volta da checagem externa da aeronave, procedimento padrão.

Ao voltar ao seu assento, rapidamente o copiloto precisa levantar novamente, para atender uma ligação especial.

Então, com capacidade quase máxima, o comandante pede autorização para decolar, e recebe instruções de ir pela pista 04 direita..

O Metrojet voo 9268 decola as 5:51, com 217 pessoas e 7 tripulantes, totalizando 224 almas.
Este seria o último voo da aeronave, do comandante, primeiro-oficial, comissários de voo e todas os passageiros. O destino destes já estava selado antes mesmo do avião subir 1 centímetro do solo.

O Acidente com o Metrojet 9268

20 min após a decolagem, tudo perfeito e nos conformes, o Airbus ainda em leve subida, o comandante desliga o aviso de afivelar cintos, assim os passageiros começam a andar pelo avião, ir ao banheiro e incomodar as aeromoças, como todo bom passageiro costuma fazer.

Ainda na tranquilidade total, uma comissária entra na cabine de comando para servir chás, bebida favorita tanto do piloto como copiloto.

Durante todo esse processo de decolagem, o avião e a torre de controle permanecem em intenso contato, dando informações, fazendo perguntas, fazendo confirmações etc etc.

Porém, do nada, o Metrojet 9268 para de responder. Isso ocorre ao atingir a altitude de cruzeiro, nos 31 mil pés, em cima do infinito deserto do Sinai.

Para piorar a situação, o radar do controlador apresenta algo perturbador: o avião começa a perder altitude, rapidamente...tão rápido...é algo tão estranho que...dá impressão que estava caindo.
E isso continua...

O que ninguém sabe é que no Airbus, um verdadeiro inferno se instaurava nesses momentos finais das vidas das 224 pessoas a bordo.

Controlador tenta contato, mas sempre sem resposta...até que o avião some completamente dos aparelhos. É o pior pesadelo de um controlador de voo.

O Voo Metrojet 9268 havia simplesmente sumido dos radares.

Air crash disaster Egypt


Metrojet 9268: O que aconteceu ?

Helicópteros, ambulâncias, bombeiros e tudo que é possível é enviado para o local de onde saiu o último sinal do Airbus.

Tarde demais.
Encontram apenas isso:
Acidente com o Metrojet 9268

Não resta nem a mínima possível esperança de encontrar sobreviventes.
Na verdade, é até difícil encontrar algo inteiro da estrutura forte, metálica e resistente do avião, quiçá de um frágil ser humano.

É oficial: ocorreu a maior tragédia da aviação Russa, e em território Egípcio.

O que derrubou o Metrojet 9268 ?

E começa a investigação.
Em solo estrangeiro, russos se unem a egípcios e outros especialistas para tentar entender o que aconteceu neste voo.

Embora entupido de turistas e estrangeiros, é dada a ordem: nenhum avião da Airbus levanta voo de Sharm el-Sheikh. É preciso saber o que aconteceu, como e por quê.

O primeiro passo é mapear os destroços. Localizar, classificar e armazenar o máximo de informações sobre os restos do avião.
Que parte foi localizada, onde, em qual estado, que distância daquela outra parte etc etc etc.

Queda de avião no Egípcio


Avião se desintegrou em pleno ar

E, de cara, algo fica bem claro: algumas partes foram encontradas distantes mais de 5 km de outras partes, tudo espalhado numa distância de 13 km.

Isso revela uma coisa, sem dúvidas: o avião começou a se partir no ar.
Um parte se desprendeu, caiu em um local...o resto do avião continua a voar, outro pedaço cai...o restante continua a ir pra frente...mais partes vão caindo, caindo, caindo e o avião ainda na inércia, indo pra frente.

Isso explica a gigantesca extensão que estão os destroços.

Desastre do Metrojet 9268


Também nos revela algo mais triste ainda: as pessoas perceberam o avião se partir, se quebrar, cair, foram sendo arremessadas para fora devido a forte descompressão ocorrida, pois estavam em altitude de cruzeiro, e só podemos imaginar o inferno que estava na cabine de passageiros.

Na cabine de comando, os bravos heróis tentavam controlar o avião.
Mas era em vão, não tinham como saber que sua aeronave estava aos pedaços, caindo no ar. Mas tentaram controlar até o fim, até a última fração de segundo.

Medo? Pavor? Desespero? Isso é secundário, a função principal do comandante e primeiro-oficial é comandar a aeronave, dar a vida pela vida dos passageiros. Infelizmente não puderam cumprir sua missão.

Falha mecânica dos motores ?

Ao analisar algumas partes cruciais da aeronave, foi constatado que os motores estavam carbonizados. Foram arrancados das asas, o que pode indicar uma explosão dos mesmos.

Quem sabe as asas, cheias de combustíveis, não pegaram foto, explodindo e destroçando o avião ?
É uma possibilidade que os investigadores vão avaliar e trabalhar em cima.

Devido aos destroços muito espalhados, fica cada vez mais claro que houve uma explosão que destruiu tudo no avião.

Mas outra possibilidade surge...

Ataque terrorista dentro de avião


Ataque Terrorista contra o avião

Assim que se espalham a notícia da queda e possível explosão ocorrida, um grupo terrorista assume a autoria do fato, dizendo que derrubaram o avião com um lança-míssil, que partiu do solo.

De fato, já fizeram isso e derrubaram helicópteros.
Mas será que derrubaram um Airbus A321 ?

Por mais que alguém assuma e traga pra si a responsabilidade, não é assim que funciona no mundo da aviação. É preciso averiguar, investigar e ter certeza que tudo faz sentido.

Ainda bem que fazem isso, pois foi descoberto que isso era uma mentira.
Os mísseis jamais poderiam atingir um avião voando a 31 mil pés de altitude.

Até pode ter sido um atentado...mas não foi nada disparado do solo.

Terroristas com bomba no avião


Falha mecânica: sim ou não?

Enquanto averiguam e trabalham em analisar os restos do avião, surge uma novidade.
A esposa do copiloto dá uma entrevista para uma grande e famosa emissora local (sim, também acho que devera ter falado antes com os responsáveis pela investigação).

Ela disse que pouco antes de seu marido decolar, eles conversaram no telefone e o primeiro oficial havia revelado que a aeronave tinha alguns problemas mecânicos.

Obviamente isso ocasiona um alvoroço enorme. Passam rapidamente a condenar a Metrojet e suas aeronaves. Todos ficam com medo de voar na empresa.

Embora seja algo vago, é preciso investigar.
Uma aeronave, russa, de baixo custo...sabemos que não deve ser aquele 'primor' de qualidade.
Mas será que era algo grave?

Grave a ponto de resultar na morte de 224 pessoas?

E foram atrás dos mecânicos que faziam a manutenção, quem trabalhou no avião por último, o que fez, quando, por qual motivo e tudo mais que puderem descobrir.

Descobriram que a última manutenção do Metrojet 9268 tinha durado apenas 30 minutos.
Incomum.

Serviço rápido, apressado, estranho...e não é de se estranhar.
É uma empresa de baixo custo.

Faz tudo o mais rápido e barato possível. Isso não quer dizer que faça algo errado, ilegal ou mal-feito.
Mas avião que dá dinheiro é avião no ar. Avião no solo, fazendo manutenção, só dá despesa.

Tem que fazer reparo ou manutenção?
OK, faça o necessário, mas o mais rápido possível. E assim foi feito. Tudo OK, nenhum problema nas últimas manutenções, o que havia de ser feito, foi feito.

Bomba explode em avião


Problemas Mecânicos Antigo

Analisando o histórico passado do avião, descobriram que em 2001 (quase 15 anos antes), ele tinha tido um problema grave.

Quando o avião voava pela Middle East Airlines, a aeronave sofreu um tailstrike durante um pouso no Cairo. Ela foi reparada e voltou em serviço com a companhia aérea em 2002.

Ou seja, ao pousar, acabou por bater a cauda do avião na pista.
Será que o reparo foi feito corretamente?

Lembrando que tivemos um acidente grande e conhecido por esse motivo, um reparo mal-feito teve consequências catastróficas (o acidente mais mortal da história da humanidade, envolvendo uma aeronave somente), pois anos depois o avião teve problemas por fadiga do material.

Isso aconteceu no JAL 123 (clique aqui e leia)

Recolheram e analisaram as peças da região da cauda.
Tudo ok, reparo certo, feito de maneira correta e ainda estava em perfeito estado.
Não foi isso.

Voltando para os tanques de combustível

Houve explosão. Algo pegou fogo.
Os motores saíram da asa.

Será que a origem do problema foi essa?
Os investigadores estavam começando a ficar sem saída.

Se foi realmente uma explosão, de dentro pra fora, partes da aeronave tem de estar retorcidas, dobradas para fora. E isso foi constatado em pedaços do tanque de combustível na asa.

Mas as peças do motor estavam ok. Turbina ok.
Mecanicamente, o Metrojet 9268 parecia estar em perfeito estado mecânico.

O que diabos ocorreu nesse voo?
Como evitar que mais de 200 pessoas morram novamente em um desastre aéreo como esse ?!

Investigação mais apurada

Caixas pretas resgatadas. Agora os investigadores tinham em mãos as gravações de voz da cabine de comando durante o voo. Algo vai ser descoberto daí, precisamos elucidar as causas desse desastre.

Ao checarem as gravações, percebem que ela para, do nada, de repente, bem abruptamente mesmo.
O motivo é claro e confirma a antiga suspeita: uma explosão.

Algo ocorreu, de maneira repentina e violenta. Realmente, uma explosão aconteceu naquele voo.
Então, uma ideia linda, genial, majestosa e perfeita, foi concebida.

Existem três microfones na cabine do A321. Um com o comandante, outro com o primeiro-oficial e outro entre eles. Analisando o som do impacto, onde surgiu primeiro, e depois outro e depois o outro, seria possível descobrir de onde veio a explosão.

O microfone do comandante registrou o primeiro som.
Depois o microfone do meio
Depois do copiloto.

Era óbvio e claro: a explosão ocorreu na parte esquerda do avião.
As coisas começam a aparecer...

Física avançada nas investigações

Que tal irmos mais além?

Quando uma explosão ocorre, temos inicialmente uma onda de choque.
Ela flui pelas partes do avião, pela fuselagem, de maneira muito rápida e abrupta.

Em seguida, só depois, é que o som da explosão se propaga.

Sabe quando ocorre um trovão? Primeiro você vê o raio, e somente após alguns segundos é que escuta ele. Tem até uma regrinha pra contar o tempo entre um e outro, pra descobrir a que distância ocorreu aquele trovão.

O mesmo aqui.
Primeiro verificou-se a primeira onda, a de choque.
Depois calcularam o tempo até aparecer a próxima onda, a de som da explosão, terminando a gravação.

Ambas ondas foram registradas pelos gravadores.
E...pimba na gorduchinha. Descobriram de onde veio a explosão, por conta da diferença de tempo entre essas ondas.

Ela veio lá de trás, da parte traseira do avião, do lado esquerdo.
A coisa começou a melhorar...

Bagagens malditas

Investigaram quem estava viajando lá atrás.
Aliás, investigaram todos os passageiros.

O passado, ligações com grupos terroristas, quem estava no local da explosão (uma adolescente de 15 anos, coitada, não tinha nada a ver com isso). E...mais uma vez...nada. Tudo aparentemente Ok.

Deve ter sido algo abaixo então, no compartimento de bagagens.
Algo explodiu lá, veio de lá.

Voltaram novamente nos destroços, agora focando na região das bagagens.
E agrupando os pedaços da fuselagem, encontraram algo interessante.

A região onde ocorreu a explosão, pelo formato do buraco na fuselagem.
Se algo explodiu de dentro pra fora, um buraco inicial ocorreu, e ele foi descoberto.

Enfiando algumas varetas nos buracos e frestas, elas convergem pra um local específico, onde ocorreu a tal explosão. Estava praticamente tudo certo: algo, nas malas, explodiu e matou todos nos Voo  9268, ocasionando o desastre da Metrojet.

O que foi ?
Uma bomba? Uma bagagem normal, comum...que acabou por dar problema? Algo intencional? Um acidente realmente acidental ?

Vamos chamar a Química para nos ajudar.

Explosivos no Voo 9268

Pedaços da fuselagem, malas e partes da aeronave, perto do local da explosão, foram levados para laboratórios, para investigar as substâncias ali, se tinha indícios de algo que comprovasse que foi alguma bomba, algum artefato explosivo.

E foi confirmado. Tinha explosivos no bagageiro do avião.
Algum despachou alguma mala com explosivos.

Funcionários do Sharm El Sheikh

Estava chegando ao fim as investigações do trágico desastre com o Metrojet 9268.
Era óbvio: alguém implantou um dispositivo explosivo na aeronave.

Investigação em cima de investigação, pesquisa, puxando ficha, analisando a vida dos funcionários...até que algo é descoberto.

Um funcionário do aeroporto tem um parente que é ligado ao EI, estado islâmico.
Provavelmente foi coagido a fazer tal ato.

Não era incomum propina resolver muita coisa (ainda não, inclusive no Brasil), foi fácil $$ fazer os policiais e inspetores fazerem vista grossa para despacharem uma mala sem serem rigorosos.

Bomba na latinha

A seguir, uma foto idêntica a da bomba que matou todos no desastre do voo 9268:

Explosivo explode avião

Apenas isso e nada mais.
Explosivos em uma latinha de refrigerante.

Passou pela inspeção, foi despachado, o funcionário acomodou no voo e o Metrojet 9268 explodiu no ar, ao atingir a altitude de cruzeiro, matando todos a bordo

Consequências do desastre do Voo 9268

Nenhum acidente é em vão.
Nenhum. Em hipótese algum.

Ocorreram erros? Sim.
Mas estes serviram de lição para que isso não ocorresse mais.

Todos os funcionários de um aeroporto são investigados, interrogados, acompanhados de perto.
Mudança de religião? Problemas de saúde? Psiquiátricos? Psicológicos? Problemas financeiros? De relacionamento? Álcool? Drogas?

Longe de nós da aviação querermos nos meter em suas vidas.
Mas isso pode levar alguém a interferir em um voo, ocasionando algum desastre.

E faremos de tudo para evitar todo e qualquer desastre na aviação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário